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sábado, 16 de abril de 2011

Um Dia que Passei no Umbral



Sempre guardei, veladamente, desde criança, uma vontade enorme de ficar por dentro dos mistérios do além túmulo. De certa forma, tudo o que podia fazer para conseguir dados e fórmulas que me dessem entendimento sobre coisas espirituais eu fazia, independente de ter grande condição medianeira por natureza. Um dia acabei me de parando com uma situação inusitada e maluca, do ponto de vista humano e religioso. Ao sair de uma missa no interior do município, onde eu morava com minha família, alguém (espírito) me falou ao ouvido que era para eu estar as oito horas da noite do dia seguinte num determinado lugar, mais precisamente perto de uma mata nativa, próximo da residência. Mesmo com receio, fui até o lugar. Chegando lá, noite de inverno, escuro, vi um relampejar luminoso na copada de uma árvore grande, uma figueira, e notei que logo perto do tronco dela uma pequena vara de quase um metro de altura, com dois centímetros de diâmetro, mais ou menos, se equilibrava sozinha no chão. Liguei minha lanterna de pilhas e vi que quem segurava a varinha começava a limpar o chão de modo a poder escrever na terra alguma coisa. Em seguida começou a desenhar alguns símbolos, bonitos e bem contornados, em forma de desenhos. Fez cinco desenhos separados e depois a varinha foi escorada na árvore, tomado de medo, copiei os desenhos e novamente a varinha começou a escrever o seguinte: " São as flores do transe profundo. Ache.Faça infusão por trinta dias, passe entre as pernas, nas aquixilas, pescoço, têmporas, nuca, panturrilhas. Deite e local sossegado." Achei as flores pelos desenhos, mas acho que errei uma, o que não alterou a fórmula. Curioso, coloquei tudo em um litro de álcool e nos trinta dias, depois que minha família foi para a cidade de ônibus, numa Sexta-Feira, só, fiz o que tinham me mandado fazer. Passei aquele líquido fedido em todas as partes que orientaram. A última parte foi a nuca. Em seguida me deitei dentro de meu quarto. Eram nove horas. Alguém estava sentado na cama. Alguém de cabelos longos, lisos, pretos e amarrados. Eu perguntei como ele tinha invadido a casa e ele disse que isso não interessava no momento e que eu teria que ter mais cuidado com as coisas levianas que os espíritos levianos mandavam eu fazer, mas que, já que eu estava desdobrado, fora do corpo físico, ele ia aproveitar para me mostrar coisas do mundo inferior do plano espiritual. Saímos de minha casa pela porta dos fundos, estava escuro e havia um cheiro bom no ar, mas ao mesmo tempo pesado e com tons de mofo. Não sei se caminhávamos ou se flutuávamos, mas andávamos muito rápido. Ele disse que era um pouco longe e o lugar era bem frio. De longe vi uma luz lúgubre e se ouvia vozes, gritos e guinchos, assim como se observava um monte de pessoas pulando e correndo por entre árvores. Andamos muito para chegar até esse local e do que tinha pelo caminho não lembro de quase nada, pois é como se fosse uma estrada simples, sem obstáculos e boa de andar. Entramos num acesso secundário que nos levou até o lugar. Coisas bizarras aconteciam e gente chegava de vário lados para o centro da tal festa. Tinha uma placa, parecia ser de madeira, ma entrada do lugar e alguns símbolos nela estava escritos. A entidade espiritual que me acompanhava disse que a palavra escrita era 'Sabat'. Perguntei se era o o tal Sabat visualizado por Nostradamus, ele disse que sim, embora boa parte das coisas vizualisadas por ele teriam ficadas meio distorcidas. Nos aproximamos e em seguida uma mulher muito bonita veio ao nosso encontro. Ela disse que viera nos decepcionar a mando do comandante. Juro que poucas vezes vi mulher mais bonita, o que não combinava com o toque gélido de suas mãos, que embora macias, pareciam sair de uma geleira, e sua língua esquisita, parecida com a língua de um réptil, pois era muito estreita e bifurcada. Nos levou para perto de uma mesa e nessa mesa toda a comida que tinha era marrom e bem cheirosa. Disse para eu não pegar nada e, nesse momento, vi que a entidade que me acompanhava estava logo atrás de minha pessoa, e ela nunca se dirigia à ele. Ela trajava um vestido muito sensual, azul transparente e longo, assim como as demais mulheres que lá estavam. Vi muita gente famosa nesse lugar, gente ainda encarnada e que eu via na televisão seguidamente, políticos, atores e jogadores, como se fosse um costume comum entre eles participarem desse tipo de encontro perverso. No meu entendimento, perverso no uso estrito da palavra, pela forma vulgar como as coisas iam acontecendo. Num dado momento a mulher se aproxima de meu ouvido e fala que o ritual vai começar e que eu não precisaria ficar preocupado. Com certeza eu estava muito nervoso, mas era inegavelmente envolvente e luxuriante tudo o que ali se passava, de forma que até o mais frígido de todos os seres poderia ficar excitado e ávido por abraços. O cheiro e o próprio vento ativavam a libido de todos, com exceção do meu espírito acompanhante que, é claro, se não fosse ele eu teria sucumbido ao sistema, acho... Todos param a alarida rapidamente e pelo meio do mato chega um ser alto e esquisito. Seus pés imitavam os pés de uma cabra, assim como suas pernas feias. Nesse momento o espírito que me guiava chegou entre eu e a mulher e me falou que aquele ser se auto-intitulava demônio-chefe, tamanha a sua degradação. Aí me virei e falei para ele se aquilo era lugar que ele pudesse me levar... Ele me disse que eu é que segui orientação errada, e que ele percebendo minha gafe resolveu por bem me acompanhar, fazendo um tipo de proteção.

Nisso, aquele ser monstrengo e debochado, semi-nu, senta numa espécie de trono e as pessoas que estavam no lugar se posicionam em fila em sua frente para saudá-lo. Todos beijavam sua genitalha e assim que a beijavam saiam se abraçando e se envolvendo vorazmente em cenas de luxuriosas e picantes. Velhos, jovens, animais e todo o tipo de criatura se entremeavam naquela orgia estúpida e quente. As pessoas que não participavam da fila do 'beijo' não podiam, de igual modo, participar daquele bacanal. Assisti a tudo meio horrorizado e curioso, assim como minha anfitriã, só que ela não estava nem um pouco horrorizada. Me abraçou por trás e senti sua língua no meu ombro direito. Virei para ela e vi um olhar negro e lindo e ela me dizendo que eu teria que me retirar se não quisesse adquirir algumas incomodações. Nesse momento meu 'protetor' me pega pelo braço e me pucha para o caminho de volta. Quando me dei por si estava em meu quarto, todo suado e com a respiração ofegante. Eram quatro horas da tarde e minha fome era muito grande. Fritei alguns ovos para comer e ouvi quando o ônibus parava em frente nossa casinha.

Nunca mais voltei a fazer aquela experiência, mas me lembro direitinho quais são as plantas que são usadas para fazer a dita infusão. Também tenho certeza que muita gente no Brasil sabe disso e vive indo naquele encontro doido....

Marlon Santos

8 comentários:

  1. Olá Marlon,
    Lendo um livro sôbre o Santo Daime me veio alguma semelhança com essa infusão que você descreveu .
    Abraços
    Lana

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  2. Oii Marlon, desculpe incomodar com outros assuntos mas precisava de um conselho seu se puder, meu e mail é lulugff88@gmail.com se puder me mandar o seu para eu poder falar com você ficaria grata.
    Abraços.

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  3. Oie... me falaram que alguém fez um "trabalho" para mim, e que por isso "minha vida não vai pra frente". Como não entendo nada dessas coisas, gostaria de saber se isso pode acontecer e caso sim, o que devo fazer? Pois pediram roupas minhas para "desfazer o trabalho".
    Abraços!Ficarei muita grata se me ajudar.

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  4. E com alegria admiraçao que parabeniso voce Marlon com sua postura e coragem repassando para nos conhecimentos e informaçoes que dificilmente alguem trasmitiria a publico assunto desta naturesa quantos niveis de umbral eu me lembro serta noite ao dormir estava eu em um lugar cinza de vegetaçao morta e seca lugar arenoso frio gelido pouca luz fui agarrado por muitas pessoas e senti suas linguas em todo meu corpo a sensaçao e indescritivel horrivel acordei aos gritos.Em outra vez estava numa taverna muitas pessoas alguns quiseram me pegar mas foram advertidos e um deles disse este e protegido do Mestre.A pos acordei.Um grande abraço muita luz pra ti.

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  5. Verdade amigo!! As coisas por lá são muito estranhas! Abraços

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  6. Marlon, estas pessoas que vc viu la, que vc via na televisão e tal, eram pessoas ja desencarnadas ou haviam chegado la pelo mesmo modo que vc?eles participavam do(s)ritual, das orgias?
    Como a espiritualidade definiria um lugar destes?
    Grande abraço!!!!

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  7. Oi Leandro! Sim, algumas pessoas ainda eram encarnados, estavam lá da mesma maneira que eu. Acredito que mais de vinte por cento, se é que dá pra definir quantia de criaturas envolvidas. Quase todos participavam das orgias, sim, pois acredito que o grande objetivo desses desdobramentos que fazem é a participação efetiva em todo o rotual. A espiritualidade defini essas regiões como regiões umbralinas, um lugar de vibrações grotescas e de estacinonamento evolutivo.
    Abraços

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  8. Pois é Marlon.. existe muito mais coisa nesse mundo além do que nossos pequenos olhos podem ver!! =S

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