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terça-feira, 8 de maio de 2012

REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO

A reencarnação é a única forma racional por que se pode admitir a reparação das faltas cometidas e a evolução gradual dos seres.

Todos os espíritos tendem para a perfeição, e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal.

Se a sorte do homem se fixasse irrevogavelmente depois da morte, não seria uma única a balança em que Deus pesa as ações de todas as criaturas e não haveria imparcialidade no tratamento que a todas dispensa.

A doutrina da reencarnação é a única que corresponde à ideia que formamos da justiça de Deus para com os homens que se acham em condição moral inferior; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois oferece-nos os meios de resgatarmos os nossos erros, por novas provações. A razão no-la indica e os espíritos a ensinam.

REENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO

A reencarnação fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição. Criam eles que um homem que vivera podia reviver, sem saberem precisamente de que maneira o facto poderia dar-se.

A ressurreição dá ideia de voltar à vida o corpo que já está morto, o que a ciência demonstra ser materialmente impossível. A reencarnação é a volta da alma, ou espírito, à vida corpórea, mas noutro corpo, especialmente formado para ele, e que nada tem de comum com o antigo. A ressurreição podia ser aplicada a Lázaro, mas não a Elias, nem aos outros profetas.

REENCARNAÇÃO E METEMPSICOSE

O espírito não pode encarnar num corpo de animal, como entende a doutrina da metempsicose, pois isso seria retrogradar, e o espírito não retrograda. É falsa a ideia da metempsicose no sentido da transmigração direta da alma do animal para o homem, e reciprocamente, o que implicaria a ideia de uma retrogradação.

A reencarnação funda-se na marcha ascendente da natureza e na progressão do homem, dentro da sua própria espécie, o que em nada lhe diminui a dignidade.

Emmanuel explica que a doutrina da metempsicose surgiu com os egípcios, como reminiscência do seu doloroso degredo na face obscura do mundo terreno.

Pitágoras foi o primeiro personagem que introduziu na Grécia a doutrina dos renascimentos da alma. Ele tinha duas doutrinas: a reservada aos iniciados, que frequentavam os mistérios, e outra destinada ao povo, que deu nascimento ao erro da metempsicose.

REVISÃO HISTÓRICA SOBRE A TEORIA DAS VIDAS SUCESSIVAS

A doutrina das vidas sucessivas, ou reencarnação, é também chamada palingenesia, de duas palavras gregas - palin, de novo, e gênesis, nascimento.

Foi formulada nos albores da civilização, na Índia. Os povos da Ásia e da Grécia acreditaram na imortalidade da alma e procuravam saber se fora criada no momento do nascimento ou se existia antes.

Nos Vedas e no Bhagavad Gita encontram-se citações sobre a pluralidade das vidas. A religião da Pérsia, o mazdeísmo, apresentava uma concepção muito elevada, a da redenção final, após várias provas expiatórias.

Platão apresenta, no Fedon, a teoria das vidas sucessivas, na afirmação "aprender é recordar".

A escola neo-platônica de Alexandria, com Plotino, Porfírio e Jâmblico, ensinava a reencarnação.

Os romanos, através de Virgílio e Ovídio, falam das vidas sucessivas.

Os gauleses praticavam a religião dos druidas e acreditavam na unidade de Deus e nas vidas sucessivas.

Descartes, Leibnitz e Kant tiveram certa intuição dessa doutrina.

O bramanismo, o budismo, o druidismo, o islamismo baseiam-se na crença das vidas sucessivas.

O cristianismo primitivo não abriu excepção à regra. Orígenes, Clemente de Alexandria e a maior parte dos cristãos dos primeiros séculos admitiam a doutrina da palingenesia.

A REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA E NOS EVANGELHOS

A ideia das vidas anteriores era geralmente admitida entre os hebreus.

A Bíblia e os Evangelhos apresentam inúmeras citações que indicam a doutrina das vidas sucessivas.

Isaías, cap. XXVI, v.19: "Aqueles do vosso povo a quem a morte foi dada viverão de novo; aqueles que estavam mortos em meio a mim ressuscitarão".

Job, cap. XIV, v.10 a 14: "Quando o homem está morto, vive sempre; acabando os dias da minha existência terrestre, esperarei, porquanto a ela voltarei de novo".

S. Mateus, cap. XVI, v.13 a 17 - S. Marcos, cap. VIII, v. 27 a 30: "... porque uns diziam que João Baptista ressuscitara dentre os mortos; outros que aparecera Elias; e outros que um dos antigos profetas ressuscitara...".

S. Mateus, cap. XVII, v.10 a 13; S. Marcos, cap. IX, v.11 a 13: "... É verdade que Elias há-de vir e restabelecer todas as coisas, mas eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram e o trataram como lhes aprouve... Então seus discípulos compreenderam que fora de João Baptista que ele falara".

S. João, cap. III, v.1 a 12: "... Jesus lhe respondeu: "Em verdade, em verdade, digo-te, ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo".

Disse-lhe Nicodemos: "Como pode nascer um homem já velho? Pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, para nascer segunda vez?". Retorquiu-lhe Jesus: ... "Não te admires de que eu te haja dito ser preciso que nasças de novo"...

Respondeu-lhe Nicodemos: "Como pode isso fazer-se?". Jesus lhe observou: "Pois quê! És mestre em Israel e ignoras estas coisas?"...

Esta última observação de Jesus demonstra que a reencarnação era ensinada aos intelectuais da época.

Existiam ensinos secretos, reservados aos iniciados, que foram compilados nas diferentes obras dos hebreus e que constituem a Cabala.

Sob o nome de ressurreição, era a reencarnação ponto de uma das crenças fundamentais dos judeus.

Sem o princípio da preexistência da alma e da pluralidade das existências são ininteligíveis, na sua maioria, as máximas do Evangelho. Somente o princípio da reencarnação dará a essas máximas o sentido verdadeiro.

REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO ANÍMICA

O princípio inteligente, distinto do princípio material, individualiza-se e elabora-se, passando pelos diversos graus da animalidade. É aí que a alma ensaia para a vida e desenvolve, pelo exercício, as suas primeiras faculdades. Chegada ao grau de desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais que constituem a alma humana.

O que constitui o homem espiritual não é a sua origem são os atributos especiais de que ele se apresenta dotado ao entrar na humanidade. Por haver passado pela fieira da animalidade, o homem não deixaria de ser homem; já não seria animal, como o fruto não é a raiz, como o sábio não é o feto informe que o pôs no mundo.

Uma cadeia ascendente e contínua liga todas as criações, o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal, e este ao ente humano...

A alma elabora-se no seio dos organismos rudimentares. No animal está apenas em estado embrionário; no homem adquire conhecimento e não mais pode retrogradar.

A finalidade da alma é o desenvolvimento de todas as faculdades a ela inerentes. Para consegui-lo, ela é obrigada a encarnar grande número de vezes na Terra, a fim de acendrar as suas faculdades morais e intelectuais. É mediante uma evolução ininterrupta, a partir das formas de vida mais rudimentares, até à condição humana, que o princípio pensante conquista, lentamente, a sua individualidade. Chegado a esse estágio, cumpre-lhe fazer eclodir a sua espiritualidade, dominando os instintos remanescentes da sua passagem pelas formas inferiores, a fim de elevar-se, na série das transformações, para destinos sempre mais altos.

REENCARNAÇÃO E EVOLUÇÃO DO HOMEM

À medida que o espírito se purifica, o corpo que o reveste aproxima-se igualmente da natureza espírita. Torna-se-lhe menos densa a matéria... menos grosseiras se lhe fazem as necessidades físicas.

Da purificação do espírito decorre o aperfeiçoamento moral para os seres que eles constituem, quando encarnados.

Quanto menos material o corpo, menos sujeito às vicissitudes que o desorganizam. Quanto mais puro o espírito, menos paixões a miná-lo.

DA VOLTA DO ESPÍRITO, EXTINTA A VIDA CORPORAL, À VIDA ESPIRITUAL

No intervalo das existências corporais o espírito torna a entrar no mundo espiritual. Aí é feliz ou desgraçado, conforme o bem ou o mal que fez.

O estado corporal é transitório e passageiro. O estado espiritual é o estado definitivo do espírito. É neste estado, sobretudo, que o espírito colhe os frutos do progresso realizado pelo trabalho da encarnação.

A situação da alma, depois da morte, é regida por uma lei de justiça infalível, segundo a qual os seres se encontram em condições de existência que são rigorosamente determinadas pelo seu grau evolutivo e pelos esforços que faz para melhorar.

A morte do corpo físico é que determina a partida do espírito, não é a partida do espírito que causa a morte do corpo. Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa desde que esse princípio deixa de atuar, em consequência da desorganização do corpo.

Essa separação pode ser rápida, fácil, suave e insensível ou poderá ser lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do espírito.

Durante a vida, o espírito está preso ao corpo pelo seu perispírito. A morte é a destruição do corpo, somente, não a desse outro invólucro, que do corpo se separa quando cessa neste a vida orgânica.

A actividade intelectual e moral, a elevação dos pensamentos operam um começo de desprendimento, mesmo durante a vida do corpo.

Na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo; nada mais há que a vida orgânica.

Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar.

Muito variável é o tempo que dura a perturbação que se segue à morte.

A perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem; para aquele cuja consciência ainda não está pura, a perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à medida que ele da sua situação se compenetra.

A alma desencarnada procura, naturalmente, as atividades que lhe eram prediletas nos círculos da vida material.

O homem desencarnado procura, ansiosamente, no espaço, as aglomerações afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida abandonado na Terra. Daí a necessidade de encararmos todas as nossas atividades no mundo como tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensável à nossa felicidade, além do sepulcro, que tenhamos um coração sempre puro.

O conhecimento do espiritismo grande influência tem na duração mais ou menos longa da perturbação espiritual após a morte, pois o espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.

Marlon Santos

Portal do Espírito

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